“ ...O problema é que hoje em dia, as pessoas tem medo de si mesmas.
Esqueceram-se do mais nobre de todos os deveres, o dever para consigo mesmas, são caridosas naturalmente, alimentam os famintos e vestem o esfarrapado, no entanto, permitem que suas almas morram de fome e andem núas.
O valor pessoal nos abandonou, ou talvez nunca o tenhamos tido realmente...
O temor da sociedade, que é a base da moral, e o temor de Deus, que é o segredo da religião são os dois princípios que nós regem, contudo, creio que se um homem quisesse viver a sua vida plena e completamente, se quisesse dar forma a todos os seus sentimento, expressar cada sentimento, realidade a todo sonho, creio que o mundo receberia tal impulso novo de alegria que esqueceríamos todas as doenças medievais, para voltar ao ideal grego, algo mais belo e rico, no entanto, o mais corajoso dentre nós tem medo de si mesmo.
A mutilação selvagem de nossos desejos tem a sua trágica consequência na própria renuncia que perverte as nossas vidas, somos castigados pelas nossas renuncias, todo impulso que procuramos extinguir germina em nossas mente e nos envenena. Pecando o corpo se libera do pecado, porque a ação é uma forma de purificação, e nada resta então a não ser a lembrança de um prazer ou a volúpia de um remorso.
O único meio de nos livramos de uma tentação é ceder a ela. se lhe resistirmos nossas almas ficarão doente, desejando as coisas que se proíbem a si mesmas, a alem disso, sentirão desejo por aquilo que algumas leis perversas, tornaram perversas.
Os grandes acontecimentos acontecem no cérebro, e somente nele também acontecem os grandes pecados do mundo.”
(Trecho do livro, O Retrato de Dorian Gray de Oscar Wilde)
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